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dezembro 2022

“CABEÇA FORA D’ÁGUA”: NOVO ÁLBUM DE ISABELLA BRETZ E RODRIGO LANA TRAZ REFLEXÕES SOBRE A VIDA VESTIDAS DE FOLK E INDIE

By blog, notícias | news No Comments

Obra conta com participações especiais, toques de humor e instrumentação que une o acústico ao digital

 

Basta abrir os olhos de manhã para receber as primeiras demandas da vida. No telefone, redes sociais e email, muitas vezes aguarda por nós uma interação que a capacidade humana não é capaz de suprir. Diariamente, esperam para serem administrados: casa, alimentação, trabalho, horários, transporte, contas, as mais diversas relações e sentimentos… A sensação é que tudo isso vai criando uma onda prestes a passar por cima de nós. Sentimos que estamos em uma corrida da qual a linha de chegada jamais chega.

Capa de Renato Enoch

OUÇA AQUI!

A incapacidade de atender a todas essas demandas e necessidades é o pano de fundo de Cabeça Fora D’Água, novo álbum de Isabella Bretz e Rodrigo Lana. O disco conta com 10 faixas que tratam diferentes temáticas que trazem inquietação para as pessoas, buscando ser um conforto ou simplesmente abrir um espaço de diálogo sobre estes temas. 

Rodrigo Lana e Isabella Bretz por Raquel Pellicano

As portas do disco são abertas com Respiro, canção que convida ao movimento após uma fase de inércia, desmotivação. Ela conta com a cantora e compositora tcheca Markéta Irglová, cantando pela primeira vez em português na sua carreira. Markéta, que ficou conhecida por sua participação no filme Once e pelo Oscar que recebeu com a canção do filme, tem uma sólida carreira solo e um trabalho inspirador. Sua voz uniu-se à de Isabella com leveza e potência, criando uma atmosfera que abraça os ouvidos. 

Destacam-se também: Pedido, que celebra a intimidade entre amigos comum na infância e na adolescência, mais difícil de ser experienciada na idade adulta; Quem Foi?, que contesta com bom humor as regras da sociedade que somos obrigados a cumprir sem ter sido consultados para criar; 30 de fevereiro, com o artista mineiro Renato Enoch, que questiona a necessidade de padronização na sociedade; Sentido, com a artista bielorrusa e residente em Portugal Katerina L’Dokova, que faz um passeio pelo nosso sistema sensorial, convidando à presença; Cicatriz, o primeiro single do álbum, que traz um olhar de acolhimento e libertação para as marcas da nossa história… Cada uma das faixas, à sua maneira, gira em torno do propósito de nos mantermos sãos em meio ao caos do dia a dia. 

A despedida é com a música que dá nome ao disco. Com violões, piano, violoncelo, voz e elementos digitais, Cabeça Fora D’Água conta uma história e representa sonoramente a mensagem central do álbum, também passada através de elementos visuais da capa e do encarte. 

O projeto gráfico e as ilustrações foram feitos por Renato Enoch, que também é designer. O universo visual do disco busca traduzir as muitas camadas de sons, sentimentos e significados: o tempo, as marcas e faltas da vida adulta, a consciência do que se pode receber e entregar, a cabeça atenta, o desejo de acalento, a resistência para não ceder ao sufoco, a linha dos ancestrais. Assim, a identidade estética do álbum se dá através de sua iconografia. Com uma série de ilustrações e “símbolos perdidos”, nasce uma mitologia própria. O projeto pretende ser um mergulho visual em interpretações poéticas e enigmáticas.

Pode-se dizer que 2022 foi um ano extremamente frutífero para Isabella e Rodrigo. Veio ao mundo o livro ilustrado de poesia Pequenezas, acompanhado de 16 minicanções. Houve a realização do projeto piloto Prêmio Audio For Singers com sucesso, laureando engenheiros de áudio e artistas, no âmbito do projeto educativo sobre áudio e tecnologia que os dois conduzem. Agora, encerrando o ano, recebemos um álbum completo recheado de ponderações, questionamentos e uma missão: tratar, às vezes com profundidade, às vezes com humor, sobre diferentes razões que nos tiram do eixo. Sem pretensão de perfeição, de solucionar tudo. Mas ao menos conseguindo nadar. 

Cabeça Fora D’Água está disponível nas plataformas de música e suas obras audiovisuais estão no canal do Youtube de Isabella Bretz. A versão física do álbum pode ser comprada pelo Bandcamp. Acompanhe os artistas pelo Instagram: @bellabretz e @rodrigolanapiano

Ficha técnica

PRODUÇÃO EXECUTIVA E DIREÇÃO ARTÍSTICA
Isabella Bretz

PRODUÇÃO MUSICAL E ARRANJOS
Rodrigo Lana e Isabella Bretz

COMPOSIÇÕES
Isabella Bretz (faixas 1 a 10)
Rodrigo Lana (faixa 10)

GRAVAÇÃO, MIX, MASTER, PIANOS E INSTRUMENTOS VIRTUAIS
Rodrigo Lana

PARTICIPAÇÕES

Markéta Irglová em Respiro
(gravada por Sturla Mio Thorisson)

Renato Enoch em 30 de Fevereiro
(gravado por Renato Enoch)

Katerina L’Dokova em Sentido
(gravada por Rodrigo Lana)

MÚSICOS CONVIDADOS

Alexandre da Mata  |  violão e guitarra
em Respiro, Bifurcação, 30 de fevereiro e Oxytocin

Kezo Nogueira  | trompete
em 30 de Fevereiro

Léo Pires  | bateria
em 30 de fevereiro 

Lucas Telles  | violão
em Pedido, Sentido e Cabeça Fora D’Água

Pablo Maia  | baixo
em 30 de Fevereiro

Vanilce Peixoto  | violoncelo
em Pedido, Cicatriz e Cabeça Fora D’Água

Todos gravados por eles próprios.

DESIGN GRÁFICO E ILUSTRAÇÕES
Renato Enoch

FOTOGRAFIA
Raquel Pellicano

Álbum gravado entre 2021 e 2022 

em Portugal, Brasil e Islândia

“30 DE FEVEREIRO” TRAZ RENATO ENOCH E UMA CRÍTICA À SOCIEDADE PADRONIZADA

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Nascemos numa sociedade que já existe, com seus costumes, padrões e normas. Entramos num jogo cujas regras não ajudamos a criar e nem concordamos previamente. Caímos aqui e pronto. E esse não é um mundo gentil para as diferenças, é esperado que permaneçamos no molde. E se não seguirmos “o caminho”, “o roteiro”, cada pequeno desvio do plano é punido. 

Assim, 30 de fevereiro é um encorajamento à espontaneidade, ao que é diverso, na busca por mais frescor na vida. É uma maneira de lembrar que há muitas formas possíveis de ser e de estar, cabendo a nós firmar esses espaços e meios, nos posicionando com confiança.  A faixa, que faz parte do próximo álbum de Isabella Bretz e Rodrigo Lana, recebe a bela e potente voz de Renato Enoch.

Renato Enoch por Mateus Lustosa

Renato ganhou notoriedade no Youtube ao produzir dezenas de versões no seu próprio estilo, com vocais bem marcantes e interpretações intensas. As músicas já somam milhões de visualizações na plataforma e audições no Spotify. Nos últimos anos, tem se dedicado também às suas canções autorais. O artista, que também é designer, imprime sua personalidade nas artes gráficas e videoclipes de seu trabalho. Ele é o responsável pela identidade visual do novo álbum de Isabella Bretz e Rodrigo Lana, que já começa a aparecer no lyric video criado por ele para 30 de fevereiro.

Renato Enoch por Mateus Lustosa

Diferente de outras músicas do disco, essa tem uma sonoridade de banda, contando também com a energia do trompete. O novo single chega após três outros lançamentos: Cicatriz, que aborda as marcas da vida; Sentido, que faz um passeio pelo nosso sistema sensorial e Respiro, que fala sobre o recomeço, tendo contado com a participação da cantora tcheca Markéta Irglová (vencedora do Oscar de Melhor Canção Original em 2008 com Falling Slowly). O lançamento do álbum completo está marcado para 16 de dezembro.

30 de fevereiro está disponível nas plataformas de música e o lyric video pode ser visto no Youtube. Acompanhe os artistas pelo Instagram: @bellabretz, @rodrigolanapiano, @renatoenoch

Ficha técnica

Música

Vozes: Isabella Bretz e Renato Enoch
Composição – Isabella Bretz
Arranjo – Isabella Bretz e Rodrigo Lana
Arranjo de vozes – Isabella Bretz, Rodrigo Lana e Renato Enoch
Violão – Alexandre da Mata
Bateria – Léo Pires
Baixo – Pablo Maia
Trompete – Kezo Nogueira
Piano e instrumentos virtuais – Rodrigo Lana
Gravação, mix e master – Rodrigo Lana
Produção musical – Rodrigo Lana e Isabella Bretz
Produção executiva e direção artística – Isabella Bretz
Capa: Isabella Bretz

Lyric Video

Renato Enoch

Letra

A minha sanidade vem do querer
Tem vezes que foge, corre pra esquecer
E a sobriedade me inebria

Oito da manhã e a tela vem impor
Fingindo estar ao seu dispor
Há tanta, tanta coisa que me intriga

Eu tenho muitas peças fora do lugar
Mas eu nem quero estar no tal lugar

As peças são elásticas
Só que tentam te encaixar o tempo inteiro
Podem esperar até 30 de fevereiro

A minha insanidade quer me convencer
Que gente que morde veio pra vencer
Mas eu acordo antes do engano

Se cada pessoa invisível descobrir
Que tem o mundo em suas mãos
Não tem que pedir

Então essa parede feita pra segurar
Não vai mais isolar nenhum lugar

As peças são elásticas
Eles tentam te encaixar o tempo inteiro
Mas só que se você acordar primeiro
Vão ter que esperar até 30 de fevereiro
Vão te esperar até 30 de fevereiro

O mito da meritocracia
Não querer fingindo que queria
Migalhas comprando um coração
Quem sobre e joga a escada no chão
Ideia, corrente, mão, correia
Me prende e eu escapo feito areia